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segunda-feira, 30 de março de 2009

MILITARES CULPAM BRIZOLA PELA VIOLÊNCIA


O GLOBO, 30/03/09


BRASÍLIA - O crescimento de facções criminosas nos presídios e as obras de urbanização em favelas foram alvo de duras críticas nos relatórios de arapongas que espionaram o primeiro governo Leonel Brizola, a mando da ditadura militar. Os arquivos do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) registram ataques às políticas de habitação e segurança pública implantadas pela gestão pedetista no estado, entre 1983 e 1986. Nos documentos, Brizola é atacado por ter, na visão dos militares, afrouxado o combate ao crime em nome do discurso de respeito aos direitos humanos. É o que mostra a reportagem de Bernardo Mello Franco, publicada na edição do GLOBO de segunda-feira.

Os papéis deixam claro que a linha dura do regime, que comandava o órgão de espionagem no período, reprovava a orientação de Brizola para que a polícia evitasse tiroteios nas favelas. Não há nos documentos qualquer referência ao tráfico de drogas.

O mesmo informe, que chegou às mãos do então presidente João Figueiredo, relata o aumento do poder das facções criminosas nas cadeias do estado. Os espiões atribuem conflitos nos presídios à "luta entre grupos, denominados falanges Vermelha e Jacaré, já sendo admitida a existência de mais um grupo, o Terceiro Comando".

SNI vigiava 'subversivos' do governo

Uma centena de militantes de esquerda, com cargos, eram seguidos após Anistia

Além de monitorar os passos de Leonel Brizola no poder, o Serviço Nacional de Informações (SNI) manteve sob vigilância cerrada mais de uma centena de políticos e militantes de esquerda nomeados em sua gestão. Documentos secretos sobre o primeiro governo pedetista revelam que, mesmo após a Lei da Anistia e a volta dos exilados, os militares continuaram a perseguir remanescentes de organizações clandestinas de combate à ditadura.

Com a colaboração de órgãos de inteligência das Forças Armadas, os arapongas produziram e enviaram a Brasília pelo menos 15 dossiês sobre opositores do regime recrutados para a administração estadual. Segundo a contabilidade do SNI, Brizola nomeou, nos primeiros nove meses de mandato, 145 ex-integrantes de siglas como o antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e a Ação Libertadora Nacional (ALN). De assessores de secretarias ao vice-governador Darcy Ribeiro, ninguém era poupado do pente fino dos espiões.